quarta-feira, 20 de agosto de 2008

Paisagens de Sonhos escolhidas do L P S Vol. III


Onde as sonhadoras de olhos verdes,
Exalando dócil fragilidade passeiam tranqüilas,
Nasciam cedros que despertavam saudades
Nos perfumados sentimentos de seus admiradores;
Algumas vezes por raros campos do Tempo
Pairaram jades oceânicos sobre o sono dos inesquecíveis.


Na ambígua escuridão de sua jornada astral
Ficou abismado sob as cores de uma inacreditável eclosão,
Aparentava reluzir o sentido da própria existência
Com peculiares horizontes cravejados de significados,
Mas eram infinitas películas de realidades
Que ostentavam uma única imagem de aspecto familiar,
Elas zelavam o sagrado altar dos segredos
Fundamentados pela eterna consciência do Universo
Onde todo o tempo cresceu em controvérsia
A mutável e fabulosa biografia de sua vida.


Enquanto os catequistas de ilusão
Avivavam as labaredas de suas dúvidas
O Discípulo da Sabedoria colhia certeza
No Vulcão das Hipóteses

Algo trepidante derramando gotas violáceas
Fixo no colar da misteriosa astróloga
Outrora foi o coração de um anjo
Que amava os seus preciosos planetas;
A sua impaciência contraía a veda dos signos
Dilatando os caminhos ao cume do espaço.


Entrelaçados no amor de seus cachecóis
Os prestigiadores das lindas melodias do sonhador
Jamais imaginavam que as cordas de seu piano branco
Adentravam-se por sensíveis furos pintados na parede
Daquela calorosa sala toda coberta de lã,
Cruzando pomares de sonhos lácteos
Eram arpejadas pela tarde com a ênfase das ventanias
E de forma aprazível na cor mel-dourado
Terminavam nos lábios de um tear
Há séculos se movendo ao som dos vapores
Em um quintal de flores dançarinas.

Quando jovens audaciosos
Vogavam perambular em noites neblinosas
Por campos rasteiros,
Arapucas filosóficas estavam armadas
Dentro de suas próprias curiosidades
Desejando empreender sob seus vígios
Derivados das fontes do equívoco,
Um doce lar, aparente e seguro,
Enquanto se evade na solitude,
Mas ao sopro do livre ente
Não suporta o embolorar do engano
Que por si só o volatiliza

Ainda acordado em sua cama
Pela negação de seu próprio sono,
Ele cismava a intensa necessidade
De retornar àquela praça
Para tocar a única estátua
A qual havia descuidado em não tocar,
Pois temia ele a razão da dúvida
Pertinente ao sentir que ela esculpia
A sua suposta imperfeição


Perto de uma rua onde ainda cantava o dia,
Em um lote sem fim, mais cedo anoitecia...
Meninos tecedores de sonolentas diversões
Encantavam-se com os berços que desciam do Céu
Cochilando como a paz da infância;
Alguns se afundavam em solos de algodão
Enquanto os outros se preparavam para dormir
Sobre um trançado de fibras musicais;
Quando tropeçavam em suas brincadeiras
Colocavam os seus pijamas de emoções
Para lembrarem do sonho que sempre tiveram
No jardim de uma preguiçosa confecção


Aquele que se escondia nos bastidores da ilusão
Ainda capaz de manifestar-se no palco da realidade
Parecia ter contado uma não-verdade do tamanho de um teatro,
Mas era a sua total certeza de uma fortaleza enigmática
A qual posteriormente entrou em heróica cena
Para proteger as sutilezas dos seus segredos
Da mesma forma que a sua sincera máscara
Fora feita com o molde de seu próprio rosto


As Raposas Eloqüentes caíram na armadilha do sábio arbóreo,
Pois em sua barba guardava as raízes de todas as suas ações na mata;
Um dia descobriu que o verdadeiro dom da palavra
Somente ele podia conceber elucidando tudo o que sabia
Para o cerne de sua insofismável vivência;
Assim ele pode constatar que a prática da tarefa que lhes foi dada
Sempre desaparecia em adverso interesse tal qual o sentido do que fabulavam

Aqueles bipolares que vagavam sozinhos
Pelas alamedas da inconstância
Almejando desvencilharem-se
De suas bifurcações existenciais
Sonhavam apenas com a unificação
De suas variantes emocionais,
E para isso faziam o uso singular
De mentais sementes monocotiledôneas

Em barrancas de casas amolecidas pelo Sol
Tartarugas Arbóreas de braços abertos recebiam o Tempo;
No limiar de seus cascos enraizados
Médios cedros erguiam-se com chapeis brancos
Que em seus ápices rodeavam em freqüências baixas
Para celebrarem sua espessa existência atemporal

Fumaças que brotavam de plantas chuvosas
Evanesciam-se num tempo líquido
Que escoava até a cristalização de seu presente
Onde novamente se liquefazia
Para continuar o seu ciclo já regenerado


Numa tarde de forte tempestade elétrica
Enjzio Lóbrias criou o primeiro deus
De uma futurística e psicodélica mitologia
Através da força de um guerreiro visionário
Que lhe trouxera a sabedoria dos trovões
Abrindo-lhe as percepções atemporais...
Tempos depois encontrou um mago,
Lendo a obra que mudou a sua vida,
Sentado diante de uma imensa escada
Feita de livros que guardam códigos do Universo;
Ele potencializou as vertentes de seu psiquísmo

Mostrando-lhe os signos da ascenção.

Mosiah Schaule/Giuliano Fratin

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